A humanidade tem vários exemplos de pessoas que durante a vida produziram grandes obras artísticas, mas não foram – em vida – reconhecidas enquanto artistas que eram.
É intrigante que tais obras, após alguns anos da morte de seu autor, obtiveram projeção e reconhecimento estrondosos, como aconteceu com Fernando Pessoa, Van Gogh, Baudelaire, Camões e tantos outros.
Para mim, tal característica encontra explicação no seguinte: enquanto os autores daquelas obras estiveram às voltas com questões referentes ao ego e à mente, sem obter a sua mais completa emancipação destes dois obsessores, a vida enquanto verdade inconsútil, livre de qualquer nódoa, não era manifesta.
Ela, a vida beatificada, manifestava-se nos momentos de inspiração que resultavam naquelas obras. Ou melhor, o Ser beatificado se encontrava na feitura daquelas obras e em nada mais além delas. Como se o Ser ficasse separado deles – os autores – nas outras atividades concernentes ao modo de vida de cada um.
O momento em que tal dissensão, tal separatividade, obteve a sua total dissolução foi o da morte do ego e da mente, fato este que só ocorreu efetivamente para eles com o fim de suas existências.
Saíram da vida para entrarem na história. Tivessem ficado no Ser para se fundirem com a vida, a sua simples presença na face na Terra já seria uma obra artística por si mesma.
Para que fabricar rupturas entre o que somos e a vida que levamos?
LibaN RaaCh
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