Subjetividade: Princesa ou Meretriz?
A subjetividade é simbolizada por uma figura arquetípica feminina, no homem; e por uma figura masculina, na mulher.
Em torno desta figura baseamos os moldes regentes de nossos relacionamentos. É o amor dela buscado e rebuscado incessantemente – que, até o último grau, representa os diversos matizes classificatórios do bem-estar pessoal. Quanto mais naturalmente conseguimos abordá-la, mais ficamos livres de sua tirania. Ou seja, conforme nosso grau de aceitação, elaboração e assimilação de suas exigências, menos sujeitos estaremos ao seu jugo. Menos inatingível será esta Princesa e menos vulgar esta Meretriz.
Ou, também, quanto menos aptidões para lidar com as forças emergentes de uma subjetividade desordenada, mais submissos aos seus impulsos – transformando, metaforicamente, a subjetividade em Princesa de Meretrizes, em Rainha Escarlate.
É muito importante ressaltar que estas aptidões são passíveis de aprendizagem.
Portanto, deveríamos tender a uma disponibilidade cada vez menor aos impulsos emergentes de uma subjetividade desordenada e despótica (a Rainha Escarlate); pois, durante a vida, deveria ocorrer o desenvolvimento gradual e progressivo de uma forma natural em abordar e ser abordado pela subjetividade, sem culpa e sem falsa moral.
Isto é o que ‘deveria’ ocorrer... mas, nem sempre ocorre!
Aliás, um dado vem corroborar esta afirmação: a quantidade de mortes por suicídio supera as causadas por guerras ou crimes. A proporcão é de 1 para 2. A cada 1 morto em guerras, ou 1 morte por assassinato, existem 2 ocorrências de morte por suicídio. (Vide programa Café Filosófico apresentado no dia 20/03/2011, aos 42:30 do vídeo). E o suicida é dono de uma subjetividade maior do que ele; ou melhor, a subjetividade é dona do suicida. Ele se torna vassalo da Rainha. E para se sobrepor à Rainha Escarlate, ele a mata, matando-se.
Isto... mais nada além disto... deveria ser estarrecedor por si só!
Se houvesse um meio de propagar a generalização de reflexões... de reflexões sérias, profundamente sérias, visceralmente sérias... que girassem em torno deste núcleo – como evitar os numerosos suicídios que ocorrem diariamente neste Globo – seríamos capazes de dar uma solução satisfatória a todas as áreas e em todos os âmbitos envolvidos em nossa vida pessoal ou coletiva.
Nada além importa mais do que isto: salvar uma vida!
Eis a confirmação da seguinte máxima: quem salva uma vida, salva o mundo e salva a humanidade! Do contrário, caminhamos – todos – para a extinção. Pois, extinguindo a humanidade que habita em nós, extinguimos as chances de paz e segurança em qualquer habitação fora de nós.
Esta é – pura e simples – a conclusão de um raciocínio dedutivo; aquém de qualquer augúrio, presságio, previsão ou alvitre no rótulo de ‘profeta do apocalipse’ ao qual estou me sujeitando através das afirmações acima.
Isto deveria merecer um ‘pool’ de medidas (provindas dos governos e de todas as instituições constituintes de uma sociedade que se pretende saudável e livre de violência) suficientemente eficazes para a diminuição imediata deste índice.
Elaborar a subjetividade, apesar de ser uma tarefa solitária, muitas vezes precisa de assistência e auxílio. Porque elaborar exige labor. E por não ser este um tipo de labor, de trabalho, remunerado, fica relegado a segundo plano. Porque este tipo de trabalho não põe comida na mesa, nem carro na garagem, nem móveis novos, nem reforma o guarda-roupa, nem casa própria, nem provê a vida de nenhum outro bem durável ou não-durável, tão ostensivamente apregoados como essenciais à vida. Porém, nem a comida, nem as demais coisas, ganham sentido ou sabor sem esta espécie de labor.
Liban Raach
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