A única verdade de efeito real sobre as ações particularmente
atuantes no agora é a resultante de concepções estritamente pessoais.
Pouco importam as vozes dos Mestres ou dos baluartes da filosofia.
(Retoricamente, rendo homenagem aos Mestres e Filósofos).
A única voz - para quem dou a vez no agora - é a minha. A
única vez - para a qual dou a minha voz - é o agora.
O que verdadeiramente tem efeito no meu instante presente
é o que está em processo de gestação dentro de mim.
Conceber estados psicoemocionais saudáveis se assemelha a parir.
Reveses sindrômicos da gestação; quais sejam: o enjoo, a
ânsia de vômito, as pancadas no ventre, as instabilidades emocionais; tipificam
o processo de concepção.
Quem se dispõe a viver esta espécie de gravidez, seja
mulher ou homem, assume os riscos sintomáticos resultantes desta escolha e
adentra em processo irreversível de gestação, onde nem o aborto e nem o
nascimento prematuro são possíveis, nem mesmo ao arrependido.
Enquanto o prazo cabal de gravidez não se cumprir, apesar
das alegres expectativas do rebento ou dos reveses envolvidos, a atmosfera
gravitacional terrestre poderá causar sensação de peso.
Porém, a proximidade do parto confere novo núcleo
gravitacional, isento da gravidade atmosférica pesada.
Quanto menos atraídos por verdades alheias, mais habilitados
à apreensão da verdade unificadora, em detrimento de sugestões sutis separatistas nas
quais a turba se desencaminha.
Nossas ações, então, ficarão imbuídas de mais
humanidade...
Uma menininha entretida e focada em sua boneca a
tiracolo, desapercebida dos obstáculos em sua caminhada, acaba se embaraçando
no ramo de espinhos em meio ao caminho.
É assim que podemos classificar os pensamentos tidos por
nossos: como um ramo de espinhos.
Neles nos embaraçamos e ficamos sujeitos (melhor dizendo:
objetos) a tormentos de toda espécie. Por nos distrairmos em alguma forma de
entretenimento, quer seja a dedicação exclusiva ao trabalho, ou o empenho nos
estudos, ou o apego ao conhecido, ou mesmo a concentração pela busca, tudo isto
se configura como uma bonequinha levada a tiracolo por uma menina.
Tão lesivo quanto um ramo de espinhos, os pensamentos
podem assumir a simbologia de uma coroa de flores, uma coroa do mais reluzente
ouro cravejado das mais excelentes gemas de safira e esmeralda.
Um dos pouquíssimos dignitários de uma coroa do porte
desta autêntica majestade viveu seus dias espargindo compaixão e misericórdia aos
miseráveis de toda espécie... e seus dias terminou com um ramo de espinhos em
forma de coroa cravejada em sua cabeça.
Nem o fato de ser dignitário de genuína majestade, nem os
espinhos cravejados em sua cabeça O entretiveram de uma espontânea e
descontraída comunhão de Seus movimentos à regência numinosa pelo Maestro das
Esferas.
O sono seria mais profundo e prolongado. Nada pior do que tentar dormir com um cão latindo. Fosse só um, seria bom. Mas e quando são vários latindo ao mesmo tempo? Ninguém merece.
Hoje há uma profusão de cães. Em uma só rua, ou em um só prédio, podemos encontrar uma verdadeira matilha. Cada casa com, pelo menos, um cão. E quando resolvem dialogar, altas horas da madrugada, é um verdadeiro inferno a sinfonia desbaratada de latidos incessantes.
Abstraindo-se desta realidade dura de roer, há uma abordagem menos ossificante: aquela que trata do vínculo.
Ocorre um tipo de vínculo entre o cão e seu dono, entre o dono e seu animal doméstico em geral, para além dos moldes inteligíveis. Porém, este tipo de vínculo é raro. Não acontece com todos os que têm animal doméstico. O filme ‘Sempre ao seu lado’ (título dado no Brasil ao original "Hachiko: A Dog Story")¹ retrata a sutileza deste vínculo. Na versão original japonesa do filme, este retrato é mais fiel e comovente.
Parece haver uma quebra no senso do ridículo. Basta atentar ao modo infantilizado, para não dizer retardado, como alguns donos ‘conversam’ com seus cães.
Calma! Antes de acharem isso uma crítica, permitam que explique.
Se já presenciamos algum ‘diálogo’ entre o dono e seu animal, ou se nós mesmos já prestamos mais atenção quando ‘conversamos’ com o nosso animal, é evidente a falta de bom senso em acreditar que o animal está entendendo as palavras que estamos pronunciando.
Não! Não é pela linguagem verbal que ele nos entende. É por uma linguagem para além das palavras.
Alguns não conseguem decifrar por que se frustram ao tentarem se comunicar com outras pessoas.
Ah! Agora chegamos a um mistério que poderia explicar, sem justificar, o caos vivido no âmbito coletivo ou particular.
Uma das razões para o caos ter se instaurado no ambiente coletivo, ou doméstico – e quando me refiro a ‘doméstico’ incluo, também, o ambiente subjetivo onde mergulhamos ou somos mergulhados – é que foi perdida a arte da comunicação não-verbal.
Aquele sentido não-verbal de comunicação implica, necessariamente, na falta de censura. Do contrário, o ridículo da situação inibiria a mínima palavra.
Quando inexiste censura naquilo que estamos falando e fazendo, parece haver uma espécie de integralidade naquilo que estamos fazendo ou falando. São momentos quando estamos sendo mais íntegros, mais integrados com nossas emoções e pensamentos e ações porque sabemos que estamos diante de um ser que não nos oferece a menor ameaça, diante de alguém com quem podemos ficar sem o menor resquício de medo.
Nenhum problema há se parecermos ridículos vivendo uma situação como esta. O ridículo, como forma de julgamento, como ideia de baixa estima, desaparece, como desaparece o medo também.
Se prestarmos muita atenção em como estamos – ou como ficamos – ao travar contato com nosso animal doméstico, obtemos uma maneira destravada de nos comunicarmos, cujo acionamento poderá ser feito tão logo trouxermos à nossa consciência o fato de que nenhuma ameaça poderia advir daquele com quem estamos conversando.
É então que este alguém será capaz de nos entender, mesmo se não conseguirmos colocar em palavras tudo aquilo que gostaríamos de expressar, pois a expressão terá encontrado força o bastante para ‘tocar’, para desbravar o contato real.
A mais absoluta convicção da ausência completa de um mínimo traço de medo arrebata o coração e faz seus batimentos alcançarem quem quer que seja, a qualquer distância que esteja.
Este alguém, de alguma forma, interpretará a sensação como um estado único de presença de espírito repentina... e receberá este batimento... e saberá que há alguém ou algo que está, naquele exato instante, batendo forte à sua porta. Mais rápido do que pensamos, abrir-se-á a porta. Abrir-se-á para a entrada deste algo inominável que nos esforçamos em conceituar como Amor.
Talvez, uma Mãe seja capaz de captar esta dimensão... esta incomensurável dimensão...
Apenas talvez!
Pois esta dimensão ultrapassa as fronteiras dos laços de família.
LibaN RaaCh ¹ Errata (para aqueles que leram a versão anterior deste texto): Neste trecho fiz referência, erradamente, ao filme "Marley e eu".
Um rolimã é composto de uma roda externa e outra interna
havendo, entre as duas, um conjunto de esferas alinhadas permitindo que os movimentos
de uma sejam independentes em relação à outra.
Assim, enquanto a roda externa está em rotação no sentido
horário, por exemplo, a interna pode estar em rotação anti-horária, ou parada,
ou no mesmo sentido horário.
Posto isso, podemos nos considerar fixados na roda interna,
como se estivéssemos dentro de um veículo. Os movimentos no espaço-tempo da
Vida podem ser comparados aos movimentos deste veículo-rolimã. A direção e o
ritmo da Vida ditados pelos movimentos da roda externa; enquanto nossas idiossincrasias,
nossas susceptibilidades, nossos melindres e todo imenso arcabouço de uma
subjetividade individual correspondem aos movimentos da roda interna.
Na relação de uma roda com a outra cabem infinitas variações
– tantas quanto o número de seres humanos que viveram, vivem e ainda viverão
neste planeta desde o seu surgimento. Nesta relação, a velocidade de rotação, a
direção e a nossa posição no interior da roda interna, são as variáveis a
considerar.
Por muitas que sejam as realizações em nossa vida, elas
ficam circunscritas ao âmbito desta roda interna, como tudo o mais que é
percebido por nossos órgãos sensoriais.
Esta é a roda-gigante onde muitos permanecem neste Parque
de Inversões que tem sido a civilização.
No âmbito da roda externa, onde reside o comando sobre a
Vida e a Morte, ficam as realizações que não podem ser vistas, nem ouvidas, nem
degustadas, nem farejadas e muito menos tateadas. E ainda assim, continuam
sendo realizações.
Quanto mais integralmente cônscios de nossa unidade com a
roda externa, com a imaterialidade, mais fortemente tenderemos a sincronizar os
movimentos da roda interna com ela. Sem necessidade de ‘forçar’ esta sintonia.
Pois o ‘forçar’ transforma-se, facilmente, em repúdio.
Conforme os movimentos destas duas rodas se alinham, elas
tendem a se fundirem naturalmente. E a Roda agigantada se contenta por ficar
inserida no verdadeiro Parque de Diversões em que se transforma o Universo.
Ficamos de tal maneira envolvidos em determinadas situações que temos a
impressão de estarmos em uma ‘sinuca’, em ‘xeque-mate’. Suscitam-se, então,
em nós, os sentimentos de medo, desespero, ansiedade e desamparo.
Mesmo quando estamos atentos para não aderir às propostas de confronto,
torna-se inevitável presenciar atitudes e comportamentos com indícios claros a
favor do embate.
Qualquer argumentação oral em situações de semelhante armistício tenso, visando fazer valer um ponto de vista mais próximo da verdade, de
nada vale para restituir o estado pacífico mais propício à revelação desta
mesma verdade.
Enquanto a onipotência de uma realidade incorpórea predominante estiver fora do alcance de um dos lados envolvidos, as verbalizações – ou outras
formas exteriores de manifestação – serão, simplesmente, inúteis. Pois, em meio à tormenta, ouvir o acalanto da imanente bonança é para quem tem os ouvidos fechados aos estrondos da tormenta.
Impossível convencer sobre a substancialidade do arco-íris a quem se
encontra embaraçado nas teias de conceitos lancinantes, apesar do arco-íris estar visível a olho nu; contudo, intangível ao tato.
Construções verbais podem conter atributos de originalidade no arranjo
erudito das palavras, porém, enquanto não estiverem recheadas de brandura
amorosa, estarão desprovidas do seu potencial para serem apreendidas em seu sentido mais numinoso.
Relatos, seminários, encontros ou mesmo ‘satsangs’ podem – até –
servirem ao fomento da poção tangível do arco-íris, desde que
estejamos embevecidos com o espírito de servidão...
... sim, servidão...
... no sentido mais humilhante contido na palavra ‘servidão’...
Aquele sentido que dispõe de todos os nossos desejos e objetivos e
metas a servir... ao serviço da amorosidade. De uma amorosidade impossível de tangenciar por
meios verbais.
Quando o Verbo se faz presente, tudo o mais se ausenta.
Antes de mais nada, deixo registrado aqui meu apreço ao filme
‘TRON: O LEGADO’, ao qual gostei de assistir e tomo, de empréstimo, o título do
filme em bem-humorada versão sem intenções de parodiá-lo.
Agora, vamos ao que interessa...
Desisto. Cansei. Estou profundamente esgotado. Nada mais
me importa. Minhas forças todas se decantaram. Caíram ao rés do chão.
Pulverizaram-se e o vento as transformou em névoa.
De mim mesmo nada pude, nada posso e nem nada poderei!
Ao processo de separar o mais denso do menos denso dá-se
o nome de decantação. Somos decantados seguidas vezes no transcurso dos dias
desta nossa existência. O menos denso, depois de separado, submetido à nova decantação,
resulta em algo de menor densidade ainda que, novamente, é colocado para
decantar. Assim, esta sequência se torna infinita.
As impressões captadas pelos órgãos físicos – elementos de
maior densidade – aos poucos, dão lugar às evidências do incorpóreo – elementos
de menor densidade. Proporcionalmente à valorização do indiscernível –
portanto, do incorpóreo – as impressões dos sentidos corpóreos ganham a cabal demonstração
de seus atributos perenes, falíveis e impermanentes.
Atestada a invalidez de julgamentos provenientes de informações
dadas pelos sentidos físicos, restei troncho e desligado de concepções arrazoadas.
Quem está no comando do moto perpétuo deste mecanismo de decantação senão uma Onipotência
para além das forças de nossos músculos e nervos, para além dos trilhões de sinapses
entre nossos neurônios? Perguntar ‘quem’ é inadequado, pois sugere alguma
figura antropomórfica e a Onipotência é desprovida de forma preestabelecida.
Pudera ser tão fácil entronizar a Onipotência quanto o
conceituá-La...
LibaN RaaCh
“Quando se dirige
mal aquilo a que erroneamente chamamos os cinco sentidos físicos,
estes são apenas
as crenças manifestadas da mente mortal,
as quais afirmam que a vida, a substância
e a inteligência
são materiais, em vez de espirituais.
Essas crenças errôneas e
seus produtos constituem a carne,
e a carne milita contra o Espírito”.
Mary Baker Eddy em “Ciência e Saúde; capítulo: A Ciência do Ser”
Ironicamente, cometemos injustiça ao taxarmos a civilização
moderna como antiecológica. Esta mesma civilização nos lembra, diariamente, de
nossa semelhança com os peixinhos do mar – pois somos tratados como sardinhas
pelos meios de transporte público e particular (vide a fila de latas
motorizadas no trânsito) –; somos lembrados de nossa semelhança com as aves do
céu, ou, melhor, com os insetos do céu – pois somos tratados como moscas a
espantar nas repartições públicas ou no sistema judiciário –; lembrados de nossa
semelhança com os animais que andam sobre a terra – ao sermos tratados como burros
de carga no trabalho ou como rebanhos a abater nos hospitais e consultórios –; e, para fechar o ciclo de todos os departamentos ecológicos, somos lembrados de
nossa semelhança com as matas e a flora – ao sermos tratados como um pomar
obrigado a dar frutos aprazíveis à família e à coletividade.
Até aqui, ‘nada de novo no front’, pois estas evidências
já estão surradas de tão batidas.
O novo está na deliberação em COMO nos posicionamos
diante disso: se como parte deste caos ou à parte dele.
Ninguém, em sã consciência, delibera tomar parte neste
caos, de onde podemos concluir que quem toma para si o partido deste caos está
com a sua consciência comprometida. Pouco importa se este comprometimento
envolve alguma ideia – errônea – de desenvolvimento. O fato primordial é que a
integridade da consciência, a natureza íntegra do Ser, fica seriamente
comprometida.
Desenvolver-se implica em integrar-se, em favorecer um
estado íntegro com a totalidade da natureza humana da qual somos espécimes
vivos, da qual ocupamos o topo da cadeia biológica alimentar, o topo no
entrelaçamento das manifestações ecológicas departamentalizadas.
Inserimos a abrangência de qualquer ordem macrocósmica nas
manifestações microcósmicas de nossa natureza individual na proporção exata em
que nos permitimos fluir – feito água cristalina – através das realidades
circunstanciais do nosso dia-a-dia. Fluir... sem as convulsões ditadas pelo
movimento brusco das placas que compõem o leito destas águas. Do contrário, a
impotência será bem mais do que uma simples sensação passageira.
Ainda que se produzam entraves no percurso destas águas,
formados de entulhos acumulados pela adesão ao caos, ainda que haja abstenção
da qualidade cristalina, nada conseguirá deter a fluência destas águas cujo
represamento resultará, apenas, no aumento de sua energia potencial.
[Em homenagem à natureza humana (no feminino); nem homem,
nem mulher]
Será possível olhar para qualquer elemento da espécie
humana sem, à primeira vista, classificá-lo de acordo com o gênero (homem ou
mulher)?
Quantas bocas não seriam alimentadas se conseguíssemos,
de uma vez por todas, adquirir a propriedade de um golpe de vista sem
resquícios classificatórios de gênero nenhum?
Quantos rebentos deixariam de ficar privados do leite
produzido pelo seio materno se arrebentássemos, um por um, com os pensamentos
que depõem contra o outro? Mesmo o seio cancerígeno escaparia da mastectomia
enquanto fosse livre da dicotomia.
A doença resulta de um disciplinado treinamento que dá
vida às criações da mente em detrimento às ‘creações’ do peito.
Quando treinamos a aptidão, própria da natureza humana,
em irradiar do peito poderosas emanações gentis e simpáticas, comprovamos o
quanto a mente nos mantém detidos, devido ao acintoso treinamento dedicado tão
somente a ela no decorrer de nossa formação escolar.
Se o treinamento fortalece, também enrijece; enquanto a
falta de treinamento, atrofia.
Mentes enrijecidas e corações atrofiados tem sido a ‘ordem
do dia’ durante séculos, séculos de desordem e de poucos relatos de períodos
pacíficos.
A quais treinamentos deveríamos submeter esta mente
enrijecida a fim de transformá-la, como muito bem disse o confrade Nelson, em fiel servidora de um simples coração... de um coração simples?
Nas minhas aulas de teatro, a diretora Berta Zemel (jamais
esquecida por quem a viu atuando como atriz ao menos uma vez) tinha o hábito de
dizer, referindo-se à aprendizagem fundamental para quem pretendia exercer a
arte como ofício:
—O
verdadeiro artista galopa - em pé - sobre dois cavalos. Um, representa a razão; o
outro, a intuição.
Claro que este ensinamento pode ser ampliado. O cavalo da
razão, sobre o qual um dos pés estaria firmado, seria a mente; enquanto sobre o
outro cavalo, o da intuição, onde o outro pé se firmaria, seria o coração. Se na condução destes dois cavalos faltasse vigor ou
equilíbrio, deixando um ultrapassar ao outro, o tombo seria inevitável.
Quem viu Berta Zemel atuando nos palcos pode afirmar que
ela exercia a excelência deste ensinamento com majestade. Foi através dos
ensinamentos dela, desta mulher magistral – que quando questionada quanto à sua
nacionalidade ou religião dizia-se uma cidadã do mundo – que eu tive a minha
primeira experiência visceral de viver um personagem, de me transportar
apaixonadamente para a vivência do universo que é o outro ser humano, de
transubstanciar em vida um punhado de falas escritas por um dramaturgo através
da voz, dos gestos e da presença.
Quando apreendemos Vida desta dimensão sacerdotal, ainda
que por um breve lapso de tempo, este minúsculo ‘grão de mostarda’ entronizado
no peito operará como lêvedo, fermentando toda massa dos componentes
constituintes de nossa natureza real.
Pouco importa se cedo ou tarde, o maná há de vir, há de
vir em abundância...
E tanto o homem como a mulher poderão ser celebrados como pares de uma mesma natureza humana.
Às vezes, uma visita inesperada traz mais aborrecimentos
do que momentos agradáveis porque somos pegos desprevenidos. Mesmo assim,
abrimos a porta de nossa casa, convidamos a se sentar e oferecemos o que temos
disponível: um cafezinho com bolachas.
Na mercearia perto de casa, enquanto eu comprava uns
recheios de sanduíche, uma senhorinha idosa e que mora sozinha, pediu dois
pacotinhos de patê e comentou:
—Uma velha amiga foi me visitar ontem. Eu
só tinha um saquinho deste patê. Fiz e servi. Ela comeu quase tudo.
—Bom... e agora a senhora está comprando
dois... ela vai visitá-la novamente? Emendei em tom amistoso.
Ela me respondeu, brava e severamente:
—Tomara
que não!
A gratificação em acolher um visitante na própria casa
estaria se extinguindo? Estará extinta a faculdade de compartilhar a companhia
de uma visita inesperada, em conversa despretensiosa, entremeada de bem-querer
indizível?
Fomos muito mal acostumados em oferecer, apenas, para
quem supomos obter algo em troca, enquanto negamos a oferta para quem tem dela precisão.
Construímos nossas personalidades através desta troca de moedas falsas.
Fomos mal habituados em tecer conjecturas sobre os
aspectos de caráter malicioso que podemos inferir de um gesto ao invés de
favorecermos a compreensão em considerações mais amorosas. Fica impossível
entremear com o mínimo de benquerença qualquer relação quando estamos tomados
por conjecturas sobre, tão somente, aspectos práticos e egóicos.
Enquanto prevalecer o pragmatismo em nós, ser-nos-á negada
a apreensão do significado inusitado da frase:
“Àquele que tem será acrescentado e terá em abundância,
mas àquele que não tem, mesmo o pouco que tem lhe será tomado”.
Pragmáticos, tenderemos a nos incapacitar a cada dia que
envelhecermos... tenderemos a envelhecer incapacitados... incapacitados em
comungar de uma conversa simplória, regada a cafezinho com bolachas.
"Ali onde estiver, será minha casa. Quem do me lado estiver, será minha família.”
Com estes simples dizeres, terminava o depoimento de um senhor, hoje com 67 anos de idade, que cresceu na orfandade e sem lar. E sobreviveu. Fato inacreditável se não fosse verídico.
O exercício dos princípios contidos nestas duas frases, aplicando-os durante uma semana em nossa vida, atribulada ou não, durante apenas sete dias seguidos de nossas vidas, aplicando-os com devoção silenciosa e profundamente sincera, como se fosse um pano de fundo branco sobre o qual as demais atividades corriqueiras transcorressem, já seria suficiente para proporcionar um estado diferenciado de ser e estar.
E se não fosse suficiente, pois então que se estendesse a aplicação destas frases para mais uma semana... e mais uma... para um mês... para a vida toda, por que não?
A calorosa verdade contida nestas duas frases está apta para abarcar toda uma existência... toda uma existência em humildade, em despojamento, em amor e em fé... na fé simples de uma criança sem teto e sem família!
E todos os tesouros colecionados, o conhecimento, a filosofia, a cultura, as tradições religiosas e místicas poderiam ser colocadas em seu lugar devido: o bolso de trás da calça.
Na praça onde se situa o prédio do Fórum João Mendes, em
São Paulo, homens – de terno e gravata – e mulheres – em elegantes tailleurs – buscam justiça esbarrando
com moradores de rua, há dias sem banho e com roupas puídas.
À vista de todos – à indignação de poucos – trajes formais
lado a lado aos ultrajes sociais.
Nos prédios bem próximos dali, mulheres em roupas sumárias oferecem-se por uns trocados.
Em quais dos prédios vocês acham que há mais garantias do
cidadão sair satisfeito?
Em quais prédios vocês acreditam que, em última
instância, a função social é exercida de forma mais rápida e eficiente?
O ditado popular “aqui se faz, aqui se paga” aplica-se ipsis litteris muito mais à entrada de
uma ‘casa de tolerância’ do que em outro lugar qualquer, pois o gênero humano,
em seus confraternos valores, encontra oportunidades mais convidativas para se
prostituir em gabinete requintado do que em prostíbulo propriamente dito.
Não por decreto extingue-se o decrépito do convívio
social.
Se tiver a alma assaltada pelo desespero, contemporize...
fique com o desespero, aceite-o, olhe para ele, permita a você senti-lo em toda
intensidade, como quando – à noite – prostramo-nos sentados defronte ao mar...
...a brisa resvalando por nossa fronte,
...o murmúrio das ondas incessantes penetrando nossos
ouvidos,
...a iridescência do luar cintilando no encrespado oceano,
Impossível discernir onde termina o horizonte, onde começa
o noturno céu!
Nesta atmosfera à beira-mar...
Enlevado pelas forças da beira-mar...
Acolhidos enternecedoramente pela beira-mar...
Deixe a sensibilidade vir à tona
E contemporize...
Contemporize as surras apanhadas
Através da cinta que assoviava cortando o ar,
Através da mão do semelhante estralando ao encontro de
nosso semblante,
Andando pelas ruas, fui impactado pela visão de um andarilho, um mendigo em andrajos, dormindo no meio do passeio, no meio da calçada. Cena comum em uma metrópole. Um velho cachorro, com feridas espalhadas pela cabeça e pelo corpo, dormia junto a ele. O mendigo – por temer que lhe roubassem o cachorro, creio – tinha uma das pernas sobre o animal. Só não fotografei aquela cena pelo celular porque considerei uma violação àquele momento de retiro, àquele instante de descanso. O mendigo, nem a esta simples privacidade, tinha direito.
Poderia se inferir desta cena, facilmente, a seguinte
conclusão: como um ser humano pode cair tanto?
Sem querer romancear a severa realidade dos fatos, fui
envolvido em uma consideração incomum: conclusões precipitadas, advindas de sugestões
condicionantes, tendem a nos manter na crosta, nos rudimentos de uma crosta
grosseira sem profundidade alguma.
Daquela deplorável cena de um corpo humano e de um animal
dormindo juntos no passeio público também se pode deduzir a Unidade e a queda
do conceito de queda da dignidade humana.
Quem consegue se apoderar do sentimento de ser um só,
mesmo com um animal feito o cachorro, mesmo maltrapilho, está apto a comungar
na Unicidade.
Tal aptidão, pelos indícios demonstrados no cotidiano
moderno, é algo em franca decadência. Quão mais digno e honrado é aquele ‘farrapo
humano’ em unidade com seu ‘cão perebento’ do que qualquer outro cidadão comum?
O abismo de quem é maior: do mendigo em andrajos ou do indivíduo que recebe boa
instrução, tem boa moradia, veste-se bem e tem boa alimentação, no entanto,
opta por praticar um individualismo doloso da mais rasa intimidade com seu
semelhante?
Eis uma habilidade (o contato com o íntimo) que, procurada, não pode ser
encontrada. É uma habilidade que vem ao nosso encontro... instala-se... e pronto!
Tão somente isto.
Uma vez instalada, tal aptidão nos apraz com um escudo
inviolável, um escudo dentro do qual matar ou morrer se igualam a comer ou
respirar; ou seja, são processos naturais.
(Ressalva: por favor, evitem inferências com toda e
qualquer doutrina fundamentalista, pelas quais nenhuma simpatia trago comigo).
Desde que o natural não seja violado, o provimento ao
natural é certo e infalível, assim como são certas e infalíveis as mudanças de estações
no planeta Terra devidas à sua trajetória orbital. Presto, aqui, uma homenagem
à honrada estirpe dos Samurais cujo ato de matar ou morrer, em obediência ao soberano,
continha a mesma suavidade do ato natural de respirar.
Porém, a coletividade convertida em manada – pois há os
que se recusam a seguirem a manada – tenta, com insistência espartana, violar a
natureza em suas mais belas manifestações. E, sendo assim, também, tenta violar
a natureza humana, o humano natural.
Violam ao reino mineral, ao reino vegetal, ao reino
animal e, inconsequentemente, ao reino hominal. Violam ao soberano de cada um
destes reinos violando, assim, ao Soberano dos soberanos.
Aos que tiveram a coragem de tirarem sua viola do saco,
fiéis à orquestração de uma sinfonia própria, hauriram o benefício de afinarem o
seu instrumento com notas musicais melodiosamente encantadoras, dentro do diapasão
inviolável daquele fiel escudeiro: a unicidade.
Em retribuição à magnânima honradez e respeito
demonstrados em relação a todos os reinos recebem, sobejamente, o direito ao
ingresso no Reino Virginal em virtude de conservarem a virgindade nos seus
ideais fraternos, apesar dos andrajos usados para cobrir o corpo, apesar das
supostas violações contra a virgindade do próprio corpo.
Mãe, minha Mãe Soberana, Mãe de todos nós, nossa Mãe
Natureza, ouso erguer a Vós o meu clamor profano, pois pressinto próximo o dia
em que os edifícios construídos pelo homem abissal ruirão em decorrência exclusiva
do extremado cultivo deste abismo, desta diáspora a que muitos se deixaram
enredar pelo descrédito consciente em relação ao poder da natureza, em relação ao
Vosso Poder; por – deliberadamente – desacreditarem no poder de suas próprias naturezas
irmãs!
Alguém saberia dizer quando começou a exigência por autenticação
em fotocópias?
Quando a palavra empenhada e a presença física deixaram
de ser suficientemente autênticas para que fosse necessário autenticá-las
através deste explícito descrédito desaforado?
A simples exigência de uma autenticação em fotocópia já
evidencia o quanto as instituições depreciam a palavra dada, o quanto
depauperam o gênero humano, fato piorado com a exigência complementar de ‘firma
reconhecida’. Ficou a cargo de terceiros, desconhecidos, autenticarem como
verdadeiro o que está sendo afirmado pelos primeiros em função do pedido de
outros terceiros.
Vivemos cerceados por formalidades evocativas da
desconfiança mútua, provocativas de procedimentos ‘formais’ com o fito de
garantir e validar o cumprimento do que está sendo afirmado.
De nada mais vale uma conversa ‘olho no olho’,
principalmente porque nos falta a sensibilidade para reconhecer as verdades
enxergadas através do ‘olho no olho’. Há mais interesses em aplicar o ‘olho por
olho’ do que no constatar semelhanças através do ‘olho no olho’.
Como, quando e onde perdemos o elo de união com o
vizinho, o elo de união com quem se nos avizinha durante os trajetos que
percorremos diariamente, pouco importa, pois isto não restituirá o que nos
entrelaça a toda creatura viva.
Cingirmo-nos com o anelo da Unidade, da união com todos, livrando-nos
dos temores pessoais escondidos debaixo da superfície da desconfiança mútua, no
mais compenetrado recolhimento – beirando ao transe do êxtase meditativo –
urge!
Ninguém, senão nós mesmos, podemos prestar socorro nesta situação
emergencial em que estamos inseridos.
Céu encoberto por nuvens esparsas impermeáveis à luz solar
através da densa atmosfera. Altos índices de poluentes, também, contribuem para
tornarem o ar menos respirável.
Interesse na obtenção exclusiva de benefícios próprios
densificam a atmosfera ao nosso redor, assim como a afetação causada pelo
bombardeio sociocultural determinam o nível de toxidez e poluentes em nosso
sangue.
Sejamos a frestinha com vista para o Céu, permeando e
aquecendo e embelezando em suave existir.
Frestinha... nada mais... nada menos do que uma frestinha!
Em uma sala de espera, como acontece em tantas salas de
espera espalhadas por prédios construídos pela civilização, estava eu aguardando
a minha vez de ser atendido.
Um casal carrancudo com dois filhos pequenos, dois lindos
gêmeos, inconformado com a demora, recorreu ao responsável pela ordem de
prioridade apelando pela preferência em serem atendidos primeiro em nome dos dois
bebês de colo. Após receberem a notificação de que seriam os próximos, o marido
esbravejou seu descontentamento ao verificar que haviam passado na frente deles
várias pessoas que não pareciam ter nenhuma preferência. Pelo menos, nenhuma
das preferências conhecidas de atendimento prioritário para deficientes,
gestantes, mulheres com criança de colo e idosos.
À parte da queixa dele ter sido legítima, ou não; uma
menininha de uns três anos de idade perambulava pela sala, absorta em seu
universo particular.
Logo após o constrangimento generalizado, que a manifestação
de fúria do marido causou, a menininha – sem a menor cerimônia – aproximou-se
do bebê que estava no colo da mãe revoltada e começou a fazer carinho no
rostinho do bebê, balbuciando sons incompreensíveis. Claro que o bebê,
inicialmente espantado, arriscou um sorriso, mostrando os dois dentinhos
inferiores nascentes. Os pais dos bebês sorriram também, juntamente com a mãe
da menininha – autora desta façanha de transmutação – que havia se aproximado deles
para ficar mais atenta aos movimentos da filha a fim de evitar maiores
constrangimentos.
Em seguida, os bebês foram atendidos.
E o mundo civilizado, dentro daquela sala, recobrou a
primazia da paz... da paz que jamais deveria ter sido soterrada pelas regras
civilizatórias do mundo adulto.
A palavra amplificada pelo estado beatífico de quem a emite surte
um tremendo efeito dentro da gente. Uma pessoa pode estar em estado beatífico
sem precisar ser, necessariamente, santa.
O estado beatífico ao qual me refiro é algo relativamente
simples de se conseguir. Basta recolher-se, mesmo em meio a um grupo de pessoas
(em reunião com amigos ou de trabalho), recolher-se psicologicamente a região
que inspire imenso conforto e acolhimento. Todos somos capazes de descobrir
esta região psíquica onde nos sentimos em profundo estado de paz.
Em cada um, tal região possui um desenho particular: uma
paisagem idílica, um aposento pessoal, o rosto de alguém (santo, profeta ou
mestre), alguma passagem da própria vida, alguma frase ou texto
significativo...
Conforme nos permitimos adentrar nesta região, neste
recinto, vamos sendo tomados por um estado único, inédito, de ser e de estar.
Um estado inédito vai tomando conta de nós.
Progressivamente, ao nos permitirmos permanecer neste
estado único que vai tomando conta de nós por mais tempo, no decorrer de nosso
dia, vamos notando como os eventos ganham ares providenciais, vindo ao encontro
de nossas reais necessidades, vindo de forma natural e espontânea.
E como nós os recebemos, também, de forma natural.
Através deste estado inédito, deste ‘estado beatífico’,
proferimos palavras e ações – ao mesmo tempo – intensas e belas.
Temos o péssimo hábito de considerar como oportunidades perdidas as situações apresentadas pela vida onde, se tivéssemos nos comportado de maneira diferente da qual de fato nos comportamos, haveria um resultado melhor para nós mesmos e para nossas vidas.
Há, por trás disto, uma lastimável visão falsa do tempo –
como se o ‘hoje’ fosse desprovido de qualquer possibilidade de realização – que
esconde algo mais lastimável e mais falso ainda: o profundo descontentamento
atual, o profundo sentimento de frustração por acreditar que não fomos capazes
de realizar nada, não fomos capazes de conquistar nada (nem uma casa própria,
nem a estabilidade financeira, nem estabilidade nos relacionamentos e muito
menos um estado de segurança definitiva ausente, também, naqueles que
conquistaram casa própria e estabilidade financeira).
Quando se tira proveito de oportunidades sem estar oportunamente amadurecido, como acontece de hábito, ficam implantados conflitos
que resultam em luta e violência. Assim, travestimos supostos concorrentes com a máscara de um leão para fundamentar a frase: "temos que matar um leão por dia"!
O conceito social de oportunidades envolve, somente, as chances
de alguém executar determinadas tarefas que, quanto mais tempo ocupam e
quanto mais bem remuneradas, consideram-nas ótimas... ótimas oportunidades.
Algo, talvez, esquecido por esta visão condicionada é a
absoluta inconsistência em qualquer atividade externa pela permanência de um estado
de realização.
Quem vive em função do mais compenetrado respeito à quietude interior obtém nutrientes em todas as seivas... mesmo em
cactos espinhosos.
O ponto essencial está em: existe alguma atividade dita
profissional que possa ser exercida sem ferir o princípio básico da quietude
interior?
Do décimo andar de um hospital, onde fui como
acompanhante, olhava eu pela janela e fui absorvido com a seguinte consideração:
— O que nos
impede de enxergarmos os agravos particulares recorrentes como se estivéssemos
olhando para eles do décimo andar de um prédio?
Assim estava entretido por esta questão quando reparei em
uma agitação entre motoristas dos carros que trafegavam na rua avistada lá de
cima. A julgar pelo dedo levantado e pelos movimentos bruscos de braços e mãos,
parecia uma discussão no trânsito – ocorrência tão frequente no ambiente urbano
que poderíamos elegê-la como um agravo recorrente.
De onde eu me encontrava, naquela janela do décimo andar,
testemunhei aquela ocorrência; sem sentir vestígio algum de ameaça suscitada
pelo medo, pois estava protegido nas alturas; e nem a frígida indiferença
típica da vertigem produzida pela ilusória posição 'elevada'.
Os instrumentos utilizados – quais sejam as discussões e
conflitos – para agravar as nossas condições particulares de vida logram retumbante
fracasso se atribuirmos a eles a mesma ordem de grandeza de quando estamos no
décimo pavimento de um prédio: tornam-se figuras miudinhas macaqueando gestos e
palavras. Por mais que façam, não oferecem a menor ameaça. Portanto, ficamos
sem nada a temer... sem absolutamente nada a temer!
É deveras gratificante perceber como a vida corresponde, de forma imediata e elucidativa, em questões
cruciais. Se não houve tal correspondência em nossa vida é porque falta, ainda,
a investidura crucial na questão que queremos evidenciar.
LibaN
RaaCh
"O perigo da
vertigem vem da ilusão de que essa sublime posição
Por mais que se creia em direitos a receber, legítimos ou
não, a prática do direito em oferecer supõe uma qualificação para além dos
estreitos limites curriculares.
Verbalizar tal qualificação, por melhor elaborado seja o
currículo, foge aos moldes aceitos nas corporações ditas empresariais, ávidas
em selecionar para competir.
Raros selecionadores estão aptos a reconhecerem tal
qualidade, enquanto estritamente focados na objetividade... na objetividade eliminatória
do elemento sutil presente nos candidatos e em si mesmos: o subjetivo.
Para muitos, seria o mesmo que admitir a completa
invalidez do processo... o quanto esta sistemática é inválida para a preservação
de um modo de viver profundamente salutar, tanto em sentido material, quanto
psicológico.
Raros... raríssimos... admitem fazer um exame com esta profundidade. O fato de nos negarmos a este exame de admissão, já resulta – a priori
– em demissão. Demitimos o compadecido reconhecimento unificador dos detalhes sórdidos ofertados em nossas vidas.