terça-feira, 2 de agosto de 2011

Atos de guerra.


É uma declaração de guerra preencher o tempo vago ocupando-se das tarefas que o outro já adota para preencher o tempo vago dele. Toda a fúria que o outro se depara ao confrontar as próprias limitações - que ficam óbvias no ócio - são projetadas em mim, que tento preencher a angústia do meu próprio ócio com as tarefas dele. A cegueira é de ambos: nem eu enxergo o apego desesperado do outro – a ‘tábua de salvação’ que as tarefas são para ele - nem o outro percebe meu desespero em preencher o tempo vago com alguma atividade que afaste minha angústia.
O ambiente é de pouca ou nenhuma relevância. Pode ocorrer no ambiente profissional (as famosas ‘puxadas de tapete’), ou doméstico, ou outro qualquer.
À furiosa investida em minha direção (mesmo educadamente ‘delicada’), uma reação tão ou mais furiosa parte de mim (igualmente ‘delicada’).

Pronto!
O front de combate se estabelece. Na arena, dois gladiadores trajando sólidas armaduras quase inflexíveis de tão pesadas, de tão bem forjadas... forjadas no fogo... nas chamas do ego... grosseiramente forjadas com repetidos golpes de marreta... a marreta da indiferença, sofrida e praticada...

Algo inesperado acontece: 
sou invadido por uma emoção avassaladora...
 ...uma comoção.... uma compreensão, 
para além do racional, 
da falta de sentido de tudo aquilo... 
da falta de sentido de tudo...
 O Eterno se fez presente, ou o Presente se fez eterno?
 Meu Deus, o Senhor existe... O Nada existe!

 E o amor, o amor que nada quer para si, que quer Nada, o amor verdadeiro, 
o Amor se tornou possível!!!

Liban Raach

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