Fica estabelecido que todos, a partir de agora, entregarão suas armas ao poder público.
Que todos, pois, entreguem todas as suas armas.
Que fiquem destituídos de toda atitude armada.
Entreguem o carro para, quando o outro nos der uma fechada no trânsito, não tenhamos que disparar vociferadas palavras de baixo-calão.
Entreguem o cargo na empresa, para que não haja mais a violência da exploração do empregado pela chefia, e da chefia pelos diretores, e dos diretores pelo presidente, e do presidente pelas ‘regras de mercado’.
Entreguem os filhos, para que o ‘instinto de cria’ não transforme os pais em feras desprovidas do sentimento de que todos somos filhos de uma mesma humanidade, e para que não transformemos nossos filhos em continuadores desta desumanidade que corre, desenfreadamente, pela vitória.
Entreguemos a nós mesmos, que temos tanta voracidade em apedrejar o criminoso, como se isto houvesse de extinguir nossas sombras.
Nestes tempos tão sedentos de sangue e justiça, pela prosperidade da injustiça à custa de sangue (sangue dos doentes que alimentam a indústria da enfermidade, da qual fazem parte conglomerados farmacêuticos, planos de saúde, hospitais, órgãos do estado e maus profissionais da área) faz-se urgente assumir a postura da ‘entrega que integra’, ao invés da ‘entrega que emprega’. Estamos vivendo uma época onde presenciamos o sacrifício de si mesmo em nome de uma 'carteira assinada'. Onde entregar-se a um emprego é crivar de pregos mãos e pés, coração e ideais.
LibaN RaaCh
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