Somos perecíveis feito batatas. O organismo físico, o corpo, do qual somos freqüentadores provisórios, é finito.
Enquanto nos acreditarmos circunscritos a este organismo finito, as sensações decorrentes são de aprisionamento. Tornamo-nos reféns do medo e da mentira.
Somos definidos pelos traços que conservamos em nosso exterior. O corpo contém traços definidos. Definem a nossa aparência. Mas a aparência não nos define. Ela é simplesmente a forma do organismo perecível, enquanto nós procedemos do indefinido. Preocupações exageradas em definir o corpo, em ter um corpo definido, servem para acobertar as indefinições da alma.
A indefinição é profundamente bela. Nela não cabem palavras... apenas um contínuo fluir.
Apresenta-se quando nos rendemos à certeza do indefinido. Quando nos rendemos às incertezas. Porque o render-se elimina, de imediato, qualquer intenção de combate. Elimina a vã competitividade tão profícua em conduzir a estados de guerra, estados de alerta por causa de ameaças iminentes, na maioria das vezes imaginárias.
Na luta entre a vida e a morte adquire vida quem se rende à morte. E toda necessidade de luta se esgota num lampejo. Extraordinariamente nítida se torna a invalidez de toda luta e de suas dores ou alegrias consequentes. Porque dizer que a dor é necessária para distinguí-la da alegria, para que possamos reconhecer a alegria, comprova a permanência na luta. Não é, ainda, o estado de rendição.
Quem se rende morre. Morre para as coisas do mundo. Vive pelo fluir da Vida.
LibaN RaaCh
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