quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Utilitários



Como é reconfortante sentir-se dentro de uma fortaleza...


Melhor quando podemos levar esta fortaleza para qualquer lugar sob o nosso absoluto comando. E quando há música ambiente e estofamentos confortáveis? Que deleite...
Existem fortalezas com equipamentos mais sofisticados, permitindo o deslocamento dos seus ocupantes em posição mais elevada do que a maioria ao redor. São fortalezas que inspiram pseudoconfiança com ares de superioridade. Há, também, fortalezas blindadas, inspiradoras de pseudosegurança, para os que se sentem constantemente ameaçados.
Verdadeiros impérios foram criados graças às pseudoconquistas embutidas e cultivadas em torno da imagem destas fortalezas. Impérios para quem fabrica e para quem divulga, somente.


A imagem... 
O que não se faz por ela?


Por mais que eu repita o termo 'pseudo', jamais atingirá a quantidade de mentiras às quais nos habituamos.
Já devem ter adivinhado que tal fortaleza trata-se de um veículo automotor. Veículo que, a princípio, deveria servir para facilitar o deslocamento dos indivíduos, ao invés de deixá-los deslocados uns dos outros, ou pior, tresloucados uns contra os outros neste trânsito caótico devido ao excedente de veículos sem planejamento urbano.


A quem favorece este excedente?

Os desvarios nas ruas se devem à necessidade extrema de estar sempre à frente, de não deixar ninguém passar na nossa frente, de não deixar ninguém nos passar para trás. Porque somos deixados para trás pelos nossos governantes, pelo funcionário da repartição pública a quem pedimos auxílio; somos deixados para trás quando precisamos de atendimento médico-hospitalar, mesmo possuindo plano de saúde – a simples existência de um plano de saúde privado já é um desaforo em uma sociedade que deveria proporcionar atendimento médico-hospitalar de boa qualidade para todos, sem exceções –; somos deixados para trás pelas empresas que nos tratam como descartáveis feito refugos industriais; somos deixados pra trás pelo sistema judiciário que falha porque tarda; deixados pra trás por uma estrutura sócio-educacional prioritariamente seletiva e eliminatória dos mais fracos; deixados pra trás nas inovações tecnológicas em velocidade astronômica e feroz.
Somos deixados pra trás pelos anos que passam, pela saúde que tende a nos abandonar aos poucos impreterivelmente...
Então...

Por que deixar passar na minha frente o carro que está dando seta pra entrar? Para atender à campanha de ‘Trânsito gentil’? Quantas não foram as campanhas feitas em nome da paz, da ‘ficha limpa’, de melhores condições nos hospitais e nas salas de aula? Nenhuma vingou. Nenhuma transformou, efetiva e imediatamente, a realidade que estamos vivendo.
Não é de campanhas que precisamos e sim de CAMPAINHAS. Precisamos de gente que saiba tocar a campainha da gente. Gente que saiba acender a luz para colocá-la sobre a mesa ao invés de escondê-la entre as vestes de exclusivo uso pessoal.
Gente que seja, simplesmente, gente... e que, deste modo meigo e singelo, toque a sineta do despertar dentro da gente.

LibaN RaaCh

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