quarta-feira, 14 de setembro de 2011

A Taça da Libertadores é minha!


Decidi fazer um trato de convivência pacífica com a sociedade, convencido pelos ditos de Jiddu Krishnamurti de que 'eu sou a sociedade e a sociedade sou eu'. Um trato com a massa modelável da sociedade. Aqueles que são torcedores assíduos de algum time de futebol. Que pagam ingresso para assistir à final da "Libertadores" ou assistem em casa e, durante o jogo, sentem-se "libertos" da tensão cotidiana soltando urros e dando murros, cujos ídolos são autores de frases memoráveis como "fingi que fui, mas não fui e acabei fondo..." ou " comigo, ou sem migo..."!

E imaginar que os autores destas pérolas são referência para a molecada que, sinceramente, torço para não serem o futuro deste país.

Estes indivíduos são, em sua esmagadora maioria - na maioria esmagada, melhor dizendo - trabalhadores de 'carteira assinada', avassalados por salário, que lhes garante o uso comedido das atividades de comer, dormir, locomover-se, estudar e divertir-se. Porque o uso desmedido, ou o abuso, de qualquer uma das atividades acima introduz tal indivíduo 'abusado' em período indeterminado de dívida.
Tal indivíduo enumeraria uma fartura de razões para sua falta de razão e falta de fartura, pelo inevitável da dívida (promoção imperdível, facilidade de crédito, utensílio doméstico essencial...).

Em nome de vida doméstica tranquila, domestica a sanha visceral por plenitude e liberdade, evitando ser rotulado de rebelde improfícuo e inócuo. Porém, imprescindível à garantia da tranquilidade, seja no ambiente doméstico ou no altar do coração, é uma espécie de postura indomável e inamoldável.
No momento em que consigo me desidentificar dos estímulos internos, ou externos, adoto postura de observador. De quem observa o que está se passando fora de mim e como isso influencia o que está acontecendo dentro de mim, despreocupado em justificar meus atos ou a ausência deles. Quando as razões são vistas sem a preocupação em dar razão, ou não, ao ato, sem julgamento, chega-se à verdade. E a verdade tem poder libertador.
Uma vez liberto dos critérios consolidados ao bem do julgamento, adquiro o estado do não-julgar, o estado de desprendimento dos valores e respectivos tabus, o estado de bravura pelo confronto dos medos desenterrados na atitude observadora, despojada de qualquer interesse pessoal.

Então, ergo a taça e transbordo um urro com toda força dos meus pulmões:
— Libertadores, libertem-me!
LibaN RaaCh

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sinta-se confortável para expressar suas impressões aqui. Receberei com grande alegria e retornarei o mais rápido que puder. Abraços fraternos.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Agradecemos pela sua indicação!

Top Ten (as 10 postagens mais vistas)

Aos Visitadores

Aqui não há seguidores. Quem aqui vem e permanece, não segue a nada nem a ninguém.
Aqui há VISITADORES.
Recuso-me a chamá-los de 'companheiros' ou 'acompanhantes'
pelo significado pejorativo ganho por estes termos em anos recentes.

Bem-vindos

Visitadores