quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O Princípio, o Fim e o Meio…

 
No princípio, eu era solto, de uma descontração alegre...como se fosse possível uma descontração triste...possível é uma tristeza descontraída, sem preocupação em se esconder.
No princípio, eu tinha uma farta lista de princípios dos quais jamais imaginava me afastar em nome da minha afetividade, da minha capacidade de gostar, da aptidão em viver, tão importante para a sensação de segurança e aconchego, preservando-me das impurezas tóxicas de decepções inevitáveis. Um destes princípios se refere à maneira de me exprimir em palavras, no sentimento que as acompanha, nas intenções - de preferência, na extinção de todo interesse pessoal nas intenções, algo que aos poucos foi se mostrando infalível para libertar a expressividade do peso que enverga as costas.

Aliar a clareza e a concisão ao despojamento de interesses pessoais faz acontecer algo mágico na comunicação.... entre os entes individuais que estão se comunicando com base nesta premissa acontece a conexão... um tão alto grau de empatia e conexão que se consegue saber o significado do silêncio no outro.

No princípio, eu possuía o frescor da infância, as coisas do mundo possuíam o frescor da infância, quaisquer representantes de espécimes vivos (a formiguinha, o gato, o cachorro...) possuíam o agradável e contagiante frescor da infância, algo comumente confundido como imatura infantilidade.
No princípio, meu corpo correspondia a todos os movimentos inventados pela minha imaginação, sem queixas nas articulações, ou nos músculos, ou nos tendões, ou nos outros órgãos.
No princípio, acreditava no desenvolvimento de qualidades com as quais criaria o ambiente onde viveria durante o meio - o meio da vida - para um fim promissor e repleto do sentimento de 'missão cumprida'!
No entanto, em defesa de um meio de vida, carrego a impressão de viver meia-vida... uma vida pela metade... talvez menos.

Refleti em tudo isto após receber a notícia de um médico, amigo da família, a quem pedi auxílio em favor de uma amiga muito querida. O médico comunicou-me o veredito: ela, a minha amiga, estava - não com um princípio de câncer - mas com um câncer em estágio avançado, em metástase, uma doença terminal.
Nenhuma doença deveria ter o poder de abreviar a vida. Em verdade, nenhuma o tem.
Ainda que a dor faça parte do viver, viver a dor é viver em parte. Viver por inteiro é o viver com a dor, não o viver a dor....
A dor existe. Não a renego com entretenimentos fastidiosos. O viver inteiro inclui a dor, sim. Porque a dor está presente sempre. Ela nos dá o 'gancho' em favor da conexão com o outro, com o mundo e consigo mesmo.

LibaN RaaCh

2 comentários:

  1. Sim, amigo Alsibar, as forças do invisível permeiam nossas existências e podem trazer refrigério e clareza aos nossos sofrimentos.

    http://alsibar.blogspot.com/2011/09/e-possivel-se-acostumar-com-o.html

    P.S.: Por favor, confiram o texto do link acima para entenderem melhor como o invisível se manifestou, neste caso, através da publicação de um mesmo conteúdo em diferentes formas.

    Confraternos abraços.

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