O lápis concede aos escritos dizeres, assim como as ações
– ou a ausência delas – concede Vida aos viveres. Porque é possível possuir
Vida na ausência... na ausência de ações. Na ausência do que acreditamos ser,
na ausência do que acreditamos ter.
Nada do que acreditamos ser, ou ter, realmente nós somos,
ou temos. Pois o que realmente somos, ou temos, está concentrado em uma
instância, em uma dimensão, excluidora do atributo “acreditar”. No “acreditar”
cabe a dúvida. E a dimensão do Ser é uma realidade fenomênica destituída de
qualquer dúvida.
Enquanto houver a dúvida, enquanto prevalecer a voz
questionadora, esta encobrirá a voz libertadora, a voz da quietude, a voz que
diz “Aquieta-te e sabe”.
A voz da quietude é improferível por qualquer viva alma
da crosta terrestre.
Não a haveremos de encontrá-la nem aqui, nem em ninguém.
É esta voz que faz reluzir quem tem brilho. E todos têm
brilho. Ela que é nascida para brilhar, à despeito de nossas grosserias e
brutalidades, à despeito do nosso ofuscante desespero por tudo que reluz.
LibaN RaaCh
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