sábado, 12 de novembro de 2011

Irmandade anônima


Quanto de despretensiosa iluminação tem aquele desconhecido com quem cruzamos –  inadvertidamente –  pela rua, ou no ônibus, ou no metrô, ou no restaurante e, através desta aproximação indesejável, sem nenhum toque físico, ocorresse um desencargo instantâneo de todo peso que nos oprimia... que nos retesava o semblante... que  envergava a nossa coluna vertebral?

Eu, pessoalmente, já vivi isto. Mais de uma vez. No papel daquele que recebeu o desencargo.

Foi como se houvessem arrancado – com as mãos – o fétido e sombrio fardo que me empalidecia o ser, da cabeça aos pés.

Humildado pela  gratificante sensação de arrebatamento, fiquei paralisado... paralisado e inconformado por isto estar acontecendo justamente comigo?


Se tão maternal afago aconteceu a um ser diminuto e insignificante como eu, leitor irmão, por que não haveria de acontecer a você também?

LibaN RaaCh



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