terça-feira, 27 de março de 2012

TRONcho: O desLIGADO



Antes de mais nada, deixo registrado aqui meu apreço ao filme ‘TRON: O LEGADO’, ao qual gostei de assistir e tomo, de empréstimo, o título do filme em bem-humorada versão sem intenções de parodiá-lo.

Agora, vamos ao que interessa...

Desisto. Cansei. Estou profundamente esgotado. Nada mais me importa. Minhas forças todas se decantaram. Caíram ao rés do chão. Pulverizaram-se e o vento as transformou em névoa.

De mim mesmo nada pude, nada posso e nem nada poderei!

Ao processo de separar o mais denso do menos denso dá-se o nome de decantação. Somos decantados seguidas vezes no transcurso dos dias desta nossa existência. O menos denso, depois de separado, submetido à nova decantação, resulta em algo de menor densidade ainda que, novamente, é colocado para decantar. Assim, esta sequência se torna infinita.

As impressões captadas pelos órgãos físicos – elementos de maior densidade – aos poucos, dão lugar às evidências do incorpóreo – elementos de menor densidade. Proporcionalmente à valorização do indiscernível – portanto, do incorpóreo – as impressões dos sentidos corpóreos ganham a cabal demonstração de seus atributos perenes, falíveis e impermanentes.

Atestada a invalidez de julgamentos provenientes de informações dadas pelos sentidos físicos, restei troncho e desligado de concepções arrazoadas.

Quem está no comando do moto perpétuo deste mecanismo de decantação senão uma Onipotência para além das forças de nossos músculos e nervos, para além dos trilhões de sinapses entre nossos neurônios? Perguntar ‘quem’ é inadequado, pois sugere alguma figura antropomórfica e a Onipotência é desprovida de forma preestabelecida.

Pudera ser tão fácil entronizar a Onipotência quanto o conceituá-La...

LibaN RaaCh

“Quando se dirige mal aquilo a que erroneamente chamamos os cinco sentidos físicos, 
estes são apenas as crenças manifestadas da mente mortal, 
as quais afirmam que a vida, a substância e a inteligência 
são materiais, em vez de espirituais. 
Essas crenças errôneas e seus produtos constituem a carne,
 e a carne milita contra o Espírito”.
Mary Baker Eddy  em “Ciência e Saúde; capítulo: A Ciência do Ser”

quarta-feira, 14 de março de 2012

Caleidoscópio Ecológico


Ironicamente, cometemos injustiça ao taxarmos a civilização moderna como antiecológica. Esta mesma civilização nos lembra, diariamente, de nossa semelhança com os peixinhos do mar – pois somos tratados como sardinhas pelos meios de transporte público e particular (vide a fila de latas motorizadas no trânsito) –; somos lembrados de nossa semelhança com as aves do céu, ou, melhor, com os insetos do céu – pois somos tratados como moscas a espantar nas repartições públicas ou no sistema judiciário –; lembrados de nossa semelhança com os animais que andam sobre a terra – ao sermos tratados como burros de carga no trabalho ou como rebanhos a abater nos hospitais e consultórios –; e, para fechar o ciclo de todos os departamentos ecológicos, somos lembrados de nossa semelhança com as matas e a flora – ao sermos tratados como um pomar obrigado a dar frutos aprazíveis à família e à coletividade.

Até aqui, ‘nada de novo no front’, pois estas evidências já estão surradas de tão batidas.

O novo está na deliberação em COMO nos posicionamos diante disso: se como parte deste caos ou à parte dele.

Ninguém, em sã consciência, delibera tomar parte neste caos, de onde podemos concluir que quem toma para si o partido deste caos está com a sua consciência comprometida. Pouco importa se este comprometimento envolve alguma ideia – errônea – de desenvolvimento. O fato primordial é que a integridade da consciência, a natureza íntegra do Ser, fica seriamente comprometida.

Desenvolver-se implica em integrar-se, em favorecer um estado íntegro com a totalidade da natureza humana da qual somos espécimes vivos, da qual ocupamos o topo da cadeia biológica alimentar, o topo no entrelaçamento das manifestações ecológicas departamentalizadas.

Inserimos a abrangência de qualquer ordem macrocósmica nas manifestações microcósmicas de nossa natureza individual na proporção exata em que nos permitimos fluir – feito água cristalina – através das realidades circunstanciais do nosso dia-a-dia. Fluir... sem as convulsões ditadas pelo movimento brusco das placas que compõem o leito destas águas. Do contrário, a impotência será bem mais do que uma simples sensação passageira.

Ainda que se produzam entraves no percurso destas águas, formados de entulhos acumulados pela adesão ao caos, ainda que haja abstenção da qualidade cristalina, nada conseguirá deter a fluência destas águas cujo represamento resultará, apenas, no aumento de sua energia potencial.

LibaN RaaCh 

domingo, 4 de março de 2012

Só 1 ‘Dia Internacional da Mulher’?

[Em homenagem à natureza humana (no feminino); nem homem, nem mulher]

Será possível olhar para qualquer elemento da espécie humana sem, à primeira vista, classificá-lo de acordo com o gênero (homem ou mulher)?

Quantas bocas não seriam alimentadas se conseguíssemos, de uma vez por todas, adquirir a propriedade de um golpe de vista sem resquícios classificatórios de gênero nenhum?

Quantos rebentos deixariam de ficar privados do leite produzido pelo seio materno se arrebentássemos, um por um, com os pensamentos que depõem contra o outro? Mesmo o seio cancerígeno escaparia da mastectomia enquanto fosse livre da dicotomia.

A doença resulta de um disciplinado treinamento que dá vida às criações da mente em detrimento às ‘creações’ do peito.

Quando treinamos a aptidão, própria da natureza humana, em irradiar do peito poderosas emanações gentis e simpáticas, comprovamos o quanto a mente nos mantém detidos, devido ao acintoso treinamento dedicado tão somente a ela no decorrer de nossa formação escolar.

Se o treinamento fortalece, também enrijece; enquanto a falta de treinamento, atrofia.

Mentes enrijecidas e corações atrofiados tem sido a ‘ordem do dia’ durante séculos, séculos de desordem e de poucos relatos de períodos pacíficos.

A quais treinamentos deveríamos submeter esta mente enrijecida a fim de transformá-la, como muito bem disse o confrade Nelson, em fiel servidora de um simples coração... de um coração simples?

Nas minhas aulas de teatro, a diretora Berta Zemel (jamais esquecida por quem a viu atuando como atriz ao menos uma vez) tinha o hábito de dizer, referindo-se à aprendizagem fundamental para quem pretendia exercer a arte como ofício:

     O verdadeiro artista galopa - em pé - sobre dois cavalos. Um, representa a razão; o outro, a intuição.

Claro que este ensinamento pode ser ampliado. O cavalo da razão, sobre o qual um dos pés estaria firmado, seria a mente; enquanto sobre o outro cavalo, o da intuição, onde o outro pé se firmaria, seria o coração. Se na condução destes dois cavalos faltasse vigor ou equilíbrio, deixando um ultrapassar ao outro, o tombo seria inevitável.

Quem viu Berta Zemel atuando nos palcos pode afirmar que ela exercia a excelência deste ensinamento com majestade. Foi através dos ensinamentos dela, desta mulher magistral – que quando questionada quanto à sua nacionalidade ou religião dizia-se uma cidadã do mundo – que eu tive a minha primeira experiência visceral de viver um personagem, de me transportar apaixonadamente para a vivência do universo que é o outro ser humano, de transubstanciar em vida um punhado de falas escritas por um dramaturgo através da voz, dos gestos e da presença.

Quando apreendemos Vida desta dimensão sacerdotal, ainda que por um breve lapso de tempo, este minúsculo ‘grão de mostarda’ entronizado no peito operará como lêvedo, fermentando toda massa dos componentes constituintes de nossa natureza real.

Pouco importa se cedo ou tarde, o maná há de vir, há de vir em abundância...

E tanto o homem como a mulher poderão ser celebrados como pares de uma mesma natureza humana.

LibaN RaaCh
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